11/04/2011 - Segunda-feira | Diário de Santa Maria

O primeiro tiro certeiro

Policial civil conteve assaltantes

Aos 32 anos, o inspetor da Polícia Civil Telmo Forgiarini Pigatto nunca tinha precisado usar sua pistola .40. Pensava que tão cedo não precisaria. Formado em dezembro de 2007 na Academia de Polícia Civil (Acadepol) do Rio Grande do Sul, a breve carreira de Pigatto já tinha lhe imposto plantões difíceis, com assassinatos e acidentes com mortes, porém, o pai de família natural de Ivorá nunca imaginou que a vida lhe pregaria uma peça dessas.

– Parecia que era tudo contra mim (a ação dos bandidos), não contra o banco – lembra, referindo-se ao dia 25 de março, quando tiroteou com criminosos em um assalto à agência do Sicredi no distrito de Val de Serra, em Júlio de Castilhos (leia acima).

Até esse dia, ele só tinha dado tiros com sua pistola nos treinamentos. Jamais havia disparado contra uma pessoa. O destino colocou em seu caminho algozes que eram colegas de profissão. Três dos quatro assaltantes são policiais militares.

– O tiro policial não é para matar, é para parar o bandido. Para derrubá-lo. Queria atrasar a fuga deles. Pensei que escutando os estampidos, eles iriam fugir – diz Pigatto.

A infância
 

De família humilde, Pigatto nasceu e passou boa parte da infância no interior de Ivorá, município que hoje tem 2,1 mil habitantes. Ainda pequeno, perdeu o pai.

Viúva, a mãe de Pigatto dedicou-se a seguir com a agricultura, de onde tirava o sustento da família. Ela também arranjou forças para seguir em frente frequentando a Igreja Católica. Foi aí que o menino pegou gosto pela religião.

Quase padre
 

Pigatto decidiu, quando já era adulto, a estudar Filosofia. Fez vestibular no Centro Universitário Franciscano (Unifra), em Santa Maria, e foi aprovado. Em 2002, tornou-se filósofo. Mas foi durante o curso que ele quase entrou em um seminário e deu uma guinada em sua vida.

– Quase fui padre, mas, depois, pensei em ser brigadiano, e por fim, tornei-me policial civil – conta, aos risos.

O inspetor
 

O policial mal saiu da Acadepol e começou a estagiar na delegacia de Júlio de Castilhos. Em junho de 2008, foi nomeado inspetor em Palmeira das Missões, onde está até hoje. Os plantões de Pigatto são desgastantes: são 24 horas de trabalho para 72 de folga. E foi em uma dessas folgas que ele protagonizou o ato heroico em Val de Serra.

– Não adianta. Não era para ser a minha hora. Por pouco, o tiro não me pegou. Quem sai com uma arma daquelas (fuzil 7.62mm), sai para matar. Eles demoliram com meu carro – lembra.

A promoção
 

O titular da 3ª Região Policial, delegado Marcelo Arigony, diz que a chefia estadual da polícia está ciente da atitude de Pigatto:

– Sugerimos, no mínimo, uma promoção de louvor.